Antena ligada! Sempre!

Avaliação: 5 de 5.

Este é um daqueles causos que só vêm confirmar a máxima de que, não importa sua fé, esteja atento sempre a tudo que te cerca. A solução para um problema “insolúvel” pode vir de onde menos se espera, e te atingir em cheio no meio da testa!

O ano foi 2014, e eu estava como Supervisor Executivo de Produção da TV Globo na série policial “O Caçador” (Dir.: José Alvarenga). Cauã Reymond era o protagonista, no papel de André. Investigador, filho de policial e traído pela banda podre da polícia, vê-se acusado de ter cometido o crime que investigava, perseguido e preso. Após cumprir sua pena, junta-se aos antigos parceiros para desmantelar a facção que infiltrou-se na Corporação e o sabotou. Só que agindo nas sombras, como um caçador.

No ápice do turbilhão que virou sua vida, enquanto ainda se escondia para não ser preso injustamente, André é bombardeado por pesadelos. Em um deles, para ilustrar a angústia sufocante por que passava, André sonha que está preso em uma piscina vazia, e não consegue subir pela borda, escorregando pelas paredes.

E o produtor com isso?

O papel do produtor é passar a estória dos textos para a tela. Ou seja, dissecar (ou decupar, em linguagem técnica) cada cena, preparar e juntar tudo o que for preciso para a gravação acontecer. Desde os equipamentos de som, luz e camera, passando por figurino, cenário e equipe até a locação em si. Que, neste caso, era uma personagem tão importante para a contação da estória quanto o próprio André.

E aí é que estava o nó mais difícil de desatar desta cena. A piscina olímpica em que ele está preso no sonho. Quem é o dono de uma piscina deste porte que, em sã consciência, vai topar esvaziá-la, descartando 2.500.000 litros de água tratada para, depois de algumas horas de gravação, ter de enchê-la novamente com o equivalente a 125 caminhões-pipa? Isso sem contar o risco de danos estruturais: as faces internas da piscina são projetadas para aguentar a pressão da água e, sem ela, duas mil e quinhetas toneladas de pressão deixam de atuar contra as paredes, podendo fazê-las ceder para dentro da caixa.

Nesta época, eu morava em Vila Isabel, no Rio de Janeiro e, trabalhando no Projac, a Grajaú-Jacarepaguá era o caminho mais curto. Depois de dias procurando e negociando, sem sucesso, com alguns clubes, voltando pra casa de cabeça cheia numa noite de quarta-feira, estava com o rádio do carro ligado, ouvindo um jogo do Vasco. Não sou de futebol, muito menos vascaíno, mas não gosto de ficar de fora das rodas de conversa. Nem das pilhas que acontecem entre torcedores de times diferentes (inclusive do meu), e o Vasco é um bom assunto pra isso. Em um lance a gol, o atacante chutou a bola como se fosse futebol americano, encobrindo de longe a trave em direção ao parque aquático de São Januário. O locutor inconformado gritou: “Mas que mira é essa?! Zuniu a bola pro céu! Quase caiu na água da piscina olímpica, rapaz! Que que é isso?!“. No que o comentarista retruca: “Você quer dizer no azulejo da piscina, né? Porque ela tá em reforma.” Não acreditei! Quase bati o carro na descida da serra. Na manhã seguinte, estava eu no Vasco da Gama falando com a RP do clube, tirando fotos e gravando a cena uma semana depois.

Moral da história?

Mantenha-se atento o tempo todo! Esta é uma história real, mas pode ser transposta facilmente para um problema na empresa, na equipe, ou com alguém do time; num ruído no entendimento de um projeto ou cerimônia, ou mesmo para decifrar/adaptar/alcançar o que seu cliente quer. Fragmentos de informação, que passariam desapercebidos, podem ser A peça que está faltando pra completar o seu quebra-cabeça.

Para mais historinhas e curiosidades, inscreva-se no blog www.edusantoro.blog.

Publicado por Edu Santoro

Mais de 30 anos de experiência nas áreas de produção internacional, gestão de problemas, planejamento, logística e execução dos mais diversos tipos de produtos e eventos. Além de Restauranteur, enófilo e empreendedor, palestrante, curioso nível hard, é apaixonado por História, viagens, fotografia, tecnologia, cervejas, vinhos, whiskeys, whiskys, culinária, Agilidade e qualquer ferramenta ou conhecimento - ainda que não relacionado à sua formação de origem - que possa auxiliar na meta de tornar a vida mais leve e prática. Pra completar, mais duas paixões: o storytelling e o prazer de difundir o que aprende.

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