Uma compilação de registros que fiz por produto, por projeto ou por prazer mesmo.
Num primeiro momento, estou catalogando por região. Algumas fotos foram feitas para estudo de locações, a serem usadas em gravações. Outras, são parte de ensaios que fiz durante as pesquisas. Sabe como é: o olhar do fotógrafo não descansa. Piscou, tá analisando uma possibilidade de enquadramento, um jogo de luz, um foco diferente. E isso transcende o assunto que tenha me levado àquele local específico. O inesperado existe para ser capturado. E pode estar em qualquer lugar.
Irlanda
Um país que significa muito pra mim. Acho que sou o único brasileiro no Mundo que já produziu duas novelas na Irlanda: “Brida” (Manchete, 1998) e “Eterna Magia” (Globo, 2007). Foi lá que conheci tudo que imaginava ter nascido na Escócia (o whisky, inclusive. Aliás, esse capítulo vai render muitos posts ainda na sessão ‘Sextou’). Foi onde me encantei com a cultura e filosofia celtas. E onde conheci minha esposa…
Povo alegre, cortês, bem humorado, sarcástico (praticamente brasileiros que falam inglês/gaélico). E com um senso de transparência muito forte, tipo: “Eu te ajudo até aqui. Daqui pra frente, é com você”, sem alimentar falsas esperanças de apoio incondicional.
As fotos ao lado são resgates de registros que fiz nas gravações de “Brida” em 1998, ainda em película, naqueles filmes de 24 poses, lembra? (OK, sou vintage! Mas, igual whisky: quanto mais curtido, mais legal fica!). Dá pra ver inclusive, que não tinha celular pra produzir. Só no ‘orelhão’ de lá.
Independente da religiosidade que se tenha, impossível não se emocionar ao entrar no Oratório de Galarus (assim como no Santo Sepulcro, ilustrado na sessão ‘Israel’ ou o Monastério de Petra, na sessão ‘Jordânia’) e não se emocionar com a energia daqueles ambientes sagrados. E, não estou falando do tamanho. Petra e o Sepulcro são imponentes. Mas Galarus é, com todo respeito, quase uma canoa emborcada. Um híbrido de capelinha com pirâmide (com direito a janelinha alinhada com o solstício de verão, que faz o sol iluminar um ponto específico no centro de seu interior em um dia e hora exatos do ano.
Oratórios, como o de Galarus, do Séc. VI; Dolmens do Séc III; castelos do Séc. XIII ainda intactos. Moher, Black Head, Galway, Trim, Tara, Guinness, Jameson, Trinity… Dá um livro só esse pedaço!
Em breve incluo mais fotos da segunda ida, já em digital.





















Israel
Seguindo a linha espiritual, saímos dos druidas para o berço de três religiões (islamismo, judaísmo e cristianismo): Jerusalém. Você vai encontrar algumas fotos de Tel Aviv, Cisjordânia e Mar Morto (vou focar nele na sessão ‘Jordânia’). Mas, é na Terra Santa que o impacto veio mais forte. Quanta história nessas pedras e montes. Cada canto que se olha remete a uma passagem da Bíblia, Torá ou Alcorão.
Estivemos lá para gravar cenas da novela “Viver a Vida“. A viagem ao Exterior mais ousada já feita pela TV Globo: Israel, Jordânia e França sem escalas. Exigiu muito de logística, planejamento e estudos de viabilidade (a serem detalhados em posts futuros). Mas valeu a pena cada úlcera que ganhei lá. Muito aprendizado e engrandecimento. Profissional e de alma.
Uma coisa que me chamou demais à atenção, e que só se vive quando se está lá no dia-a-dia, é a interação entre diferentes ‘povos’. Nossa equipe era exemplo vivo disso: judeus, libaneses e palestinos (da Cisjordânia) trabalhando e se divertindo juntos, no set de gravação e fora dele. Não quero entrar em assuntos polêmicos aqui, mas me parece que o problema de conflitos ‘eternos’ na região é muito mais uma questão entre governos que entre as pessoas que vivem lá.
Algumas fotos foram tiradas por meu amigo Jota Passos, um camera-man e pessoa de primeiríssima linha!






















































Jordânia
Quando se pensa em Jordânia, é inevitável vir à mente Petra, com o Monastério, o Tesouro logo na entrada, anfiteatro, todos num estilo greco/romano/oriental tão característico. Mas o país vai muito além de sua cidade-símbolo escavada no arenito.
Aqaba ao sul, banhada pelo Mar Vermelho (e irmã gêmea de Eilat, em Israel); o deserto de Wadi Rum (que sobrevoei para fazer imagens aéreas e onde conheci um “camelódromo” de verdade – local de corridas de camelo); Jerash (com fortes influências romanas) ao norte da capital Amman; Mádaba, berço dos mosaicos bizantinos; o Monte Nebo, com o cajado de Moisés; e, claro, o Rio Jordão (que batiza o país) desaguando no Mar Morto, na fronteira com Israel (local em terra mais abaixo do nível do mar no planeta – 400m – e berço de inúmeras histórias milenares), com seus banhos de lama medicinal, água onde é impossível afundar e pôr de sol deslumbrante.
Sem contar que Jordânia é praticamente a Suíça do Oriente Médio. Servindo de mediadora em diversos conflitos na região entre Israel, Egito, Líbano, Síria, Iraque (e outros países que nem fazem fronteira com ela), mantem firmemente sua posição de neutralidade. Com 92% de sua população com religião muçulmana, tem leis que preservam a liberdade religiosa e a conferem o título de país mais cosmopolita do mundo árabe.
Estivemos lá para gravar algumas das principais cenas do início novela “Viver a Vida“. E não foi desafio pequeno. A começar pelo clima. Com temperaturas de 45ºC, no alto verão, umidade relativa chegando a 0% durante as gravações no deserto e hábitos alimentares muito diferentes dos do Brasil cobraram seu preço na saúde da equipe.
Minha esposa (que estava como produção de base, e que eu mal conseguia tirar do escritório nos dias de folga) virou a Ana Neri, socorrendo e acompanhando ao menos dois profissionais por dia ao hospital. Eu mesmo recebi três bolsas de soro quando caí de cama, para remediar a desidratação. A 0% de umidade, você não transpira, e o calor real é camuflado por ventos e sombras. Mas, quando sente sede, é porque a coisa já está grave.
Como diz o ditado, o que não me mata, me fortalece.
Quer mais desafio? Nunca na História, alguém tinha feito uma gravação noturna em Petra. Diurnas, várias (como Indiana Jones e Transformers). Mas, nós? Tínhamos no enredo da novela um desfile noturno acontecendo em frente à construção do Tesouro, principal ícone da cidade de 312 A.C.. Conseguimos autorização do Governo, com apenas uma restrição: pela manhã, na abertura do Parque aos turistas, o pátio deveria estar completamente livre de equipamentos e cenários. Poderíamos então iniciar a construção do circo (passarela, torres de iluminação, posicionamento de refletores, câmeras e gruas, maquiar elenco e figuração gigante) apenas após as 18h, gravar todas as cenas e desmontar o set sem deixar vestígios até as 05h da manhã seguinte. Como fazer isso tudo nessa pequena janela de tempo seria impossível, partimos para outro desafio: gravar cenas noturnas da fachada do Tesouro (ato sem precedentes em Petra) a serem usadas como fundo para cenas a serem gravadas no Brasil (também sem precedentes na Globo, nessas dimensões).
Ficaram lindas. Muitas, com o efeito de chroma key imperceptível! Mas, até dar certo… quanta emoção!
Algumas fotos foram tiradas por meu amigo Jota Passos, um camera-man e pessoa de primeiríssima linha!
































































































































França
O que falar de um país que exala cultura? Arquitetura (Sacre Coueur, Notre Dame, Grand Palais), monumentos (Arco do Triunfo, Concorde), artes (Louvre, Museu d’Orsay)… Nem dá pra notar que Van Gogh e os impressionistas são meus favoritos, né? Gravar nos jardins de Claude Monet, em Giverny, foi uma experiência única. Como andar por dentro dos quadros dele em 3D. Tudo como nas telas.
E a torre Eiffel, soberba e onipresente por toda Paris. Construída para ser o arco de entrada da Exposição Universal em 1889 (o ‘stand’ do Brasil foi o Palácio Monroe), quase foi desmontada em 1909. O que a salvou foi ter virado antena de transmissão de rádio. O mundo agradece!
Só de ser o berço das mais conhecidas uvas viníferas do mundo, ter os vinhos com a variedade e qualidade que tem, e um tipo de queijo para cada dia do ano já lhe confere lugar de destaque em qualquer ranking que eu queira fazer….
Algumas fotos foram tiradas por meu amigo Jota Passos, um camera-man e pessoa de primeiríssima linha!










































